A sala onde Theo dormia ainda carregava os vestígios da fúria de Isis. Livros no chão, prateleiras caídas, roupas espalhadas, lençol rasgado, gavetas fora do lugar. A janela mal fechava. O cheiro era de poeira e silêncio.
Ela entrou devagar. Não como quem invade. Mas como quem retorna ao campo de batalha onde perdeu.
Parou no meio da bagunça. Respirou fundo.
— Cadê, Theo? Onde você colocou? — murmurou, olhando ao redor.
Bê tinha falado. Tinha certeza. Existia outro arquivo. Um verdadeiro. Não aquele cheio de relatório frio, mas o que contava a história real. O que ele confiou a Bê, caso algo acontecesse.
Ela passou horas revirando tudo. Virou a cama. Tirou o pó das gavetas, abriu mochilas, mexeu em livros com as mãos trêmulas. Nada. Nada fazia sentido.
— Você escrevia demais... — sussurrou. — Onde você colocaria algo que não queria que ninguém achasse?
O olhar dela caiu sobre um canto do quarto. Uma caixa de equipamentos da oficina de boxe que Theo ajudava. Dentro dela, luvas