Theo acordou antes do sol. O céu ainda era um manto cinza sobre o morro. A ONG dormia, mas ele não. Não conseguia. Fazia dias que carregava a decisão no peito, em silêncio. Cada passo que dava ali dentro parecia um adeus não dito.
Na sala da ONG, ele sentou sozinho com o caderno no colo. A capa estava gasta, o miolo cheio de rascunhos, relatos, sentimentos. O arquivo. O verdadeiro. Aquele que só Bê sabia que existia. E que, se o pior acontecesse, teria que ir parar nas mãos de Isis.
Ele escreveu por horas. Contou sobre as noites sem dormir, sobre o medo de ser engolido pelo nome do pai, sobre o amor que nasceu no meio do caos. Escreveu sobre Bê, Zóio, Corvo. Sobre Neumitcha, que mesmo ferida, continuava sendo farol. E, acima de tudo, escreveu sobre Isis. A mulher que o tirou da sombra.
Naquele dia, ele procurou Corvo. Sentaram no banco de cimento atrás da ONG, onde quase ninguém passava.
— Se você fosse fazer isso... se fosse tentar pegar o Torres, onde seria? — Theo perguntou.
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