Em frente ao café havia alguns bancos de madeira, pequenas árvores e um bicicletário. O local ficava próximo à casa de Pérola, logo após a esquina. Ela foi caminhando e, assim que virou, avistou Otto sentado em um dos bancos.
Sentou-se ao seu lado, e os dois permaneceram em silêncio por alguns segundos.
— Como ela está? — perguntou após um tempo.
— Já esteve melhor.
— Eu a machuquei? — perguntou, olhando para Pérola com um semblante assustado.
— Não, ela está bem fisicamente, mas...
— Saber de tudo desse jeito não foi legal — completou ele.
— Isso.
— Ela te contou da briga, né? Eu... eu não queria que ela descobrisse assim.
— Parece que você não quer que ela descubra nada — interrompeu Pérola, secamente. — Até hoje não fez realmente nada para ajudá-la a se lembrar. E ainda esconde coisas dela.
— Pérola, os médicos disseram que devia ir devagar, e foi o que tentei seguir — falou, tentando se justificar. — Não temos nada aqui, está tudo na casa nova. Eu estava justamente adiantando isso