YGOR IVANKOV

A mulher inocente que eu tinha na cabeça parecia outra. Seus olhos azuis estavam mais escuros quando me viu. Achei que fosse imaginação minha, mas não. Aurora estava diferente. Tão bonita quanto antes, mas havia algo em sua expressão inocente que escondia outra coisa.

Pensar que ninguém além de mim havia tocado aquele corpo só aumentava meu desejo.

“Não comeu nada” comentei. “Estava me esperando para jantar juntos?”

Notei como ela se recostou na cadeira, defensiva. Seus olhos, que antes mostravam desejo, agora se camuflavam em desprezo.

“Não sei se está envenenado” retrucou.

O comentário me divertiu.

“Coma. Sei bem que viver de pão e água não deve ser muito satisfatório.”

Me haviam dito que ela quase não comia, numa espécie de greve de fome. Eu percebi isso em seu rosto mais fino do que da última vez.

“Achei que queria me matar de fome” respondeu com rancor, carregado de sarcasmo. “O que fez você mudar de ideia?”

“Você tem se comportado. Gostou do banho?”

Privá-la da higi