O Banho do Silêncio
O silêncio que se seguiu ao surgimento de Rivera e Carmelita da despensa parecia mais ensurdecedor do que qualquer grito. Pietro permanecia parado no centro da cozinha, respirando fundo, como se tentasse controlar o ímpeto de esganar os dois ali mesmo, diante das concubinas apavoradas que observavam tudo com os olhos arregalados.— Isso não pode ser… — rosnou ele, finalmente, quebrando o silêncio. — Vocês somem por dias inteiros. Eu venho do México até Palermo, mando matar sabe-se lá quantos ciganos porque juraram ter visto alguns deles ajudando teus homens… — bateu com a palma da mão aberta sobre a mesa posta, fazendo os pratos tremerem — …e nenhum, nenhum desgraçado confessou nada, nem sob tortura. E agora vocês aparecem assim, saindo da minha dispensa como se nada tivesse acontecido?!Rivera respirava ofegante, os olhos turvos, a barba desgrenhada. Tentou argumentar, mas a voz lhe saiu mais fraca do que gostaria:— Pietro, como