EDUARDO
O mundo tem outra cor agora.
Parece que o tempo decidiu respirar com a gente — mais leve, mais gentil. O azul do céu tem um brilho mais profundo. O cheiro do café que invade a casa pela manhã tem gosto de vitória. E o som do riso de Enzo correndo pela sala é música sagrada.
Tudo mudou. Porque agora, somos livres.
Livres do medo, das mentiras, dos julgamentos. Livres pra sermos quem somos: uma família de verdade.
Hoje é o dia em que isso se eterniza.
Planejei cada detalhe com cuidado. Queria que fosse nosso. Intenso, simples e inesquecível — como tudo que vivemos até aqui.
Sofia ainda dorme, enrolada no meu lençol, usando minha camiseta que desce até metade das coxas. Seus cabelos estão bagunçados, a boca entreaberta num sono tranquilo. Parece um quadro. Um sopro de paz no meio do caos que foi nossa história.
Chego devagar, encosto o joelho no colchão e passo os dedos de leve pela sua bochecha.
— Bom dia, minha vida.
Ela sorri com os olhos fechados e murmura:
— Hmmm... Que hora