Vereda Cattani
Estacionei o carro a exatos vinte metros do portão principal. Nem um centímetro a mais, nem a menos. Do lado de fora, a mansão se erguia como um monumento à ordem e ao silêncio. A fachada branca, colunas perfeitas, janelas tão limpas que refletiam a manhã nublada como espelhos gélidos. A casa sempre teve esse efeito em mim: intimidador e íntimo ao mesmo tempo.
Suspirei, apoiando as mãos no volante por alguns segundos. As unhas vermelhas, recém-feitas, estavam impecáveis, sempre estavam. Ajeitei o espelho retrovisor e encarei meu próprio reflexo. Havia algo nos meus olhos naquela manhã... uma tensão contida. Eu reconhecia esse brilho. Era raiva, mas também era cálculo. Eu tinha planos. E Isabella, a pequena e dissimulada babá, estava no centro de todos eles.
Observei o portão por entre os vidros escurecidos do carro. Sabia exatamente qual seria a rotina dele. Lorenzo era previsível em muitas coisas, apesar da alma caótica. Às 9h em ponto, ele sairia para a empresa. Teria