A mansão inteira repousava em quietude. O relógio no criado-mudo já havia passado das onze e meia quando Isabella, com movimentos cuidadosos, ergueu o corpo um pouco para observar Aurora, que agora dormia profundamente entre eles. O rosto da menina estava sereno, iluminado pela luz prateada que atravessava as cortinas semi abertas. Seus cílios longos repousavam imóveis, e o pequeno peito subia e descia devagar, num compasso quase hipnótico.
Lorenzo, ao lado, mantinha um braço em volta da filha, mas seus olhos estavam fixos em Isabella. Havia algo diferente no olhar dele: um brilho contido, intenso, quase reverente. Como se, naquele instante, tudo o que existia no mundo coubesse dentro daquele quarto. Aurora, Benjamin e a mulher que havia virado o eixo de sua vida.
Com extrema delicadeza, Lorenzo afastou uma mecha do cabelo loiro de Isabella que havia caído sobr