Raia flutuava em escuridão.
Não havia dor aqui. Não havia medo. Apenas vazio suave e silencioso que a envolvia como água morna.
Era pacífico.
Quase... convidativo.
Seria tão fácil apenas deixar-se afundar. Deixar ir. Parar de lutar.
Mas algo puxava. Distante. Insistente.
Uma corda invisível amarrada ao seu coração, puxando, puxando, sempre puxando...
Marta segurava a mão de Raia há horas.
O curandeiro viera um homem velho com cheiro de ervas e dúvida examinara a garota inconsciente, e balançara a cabeça.
-Não há ferimentos físicos. Mas algo está... consumindo ela de dentro. Como se parte de sua alma estivesse faltando.
- Pode curá-la?
- Não sei Nunca vi nada assim. Parece... mágico. Um vínculo, talvez? Mas quebrado ou danificado de alguma forma.
Marta sentira gelo em suas veias. Vínculo. Claro.
A garota estava fugindo de mais do que apenas um homem.
E agora estava pagando o preço.
- Faça o que puder Eu pago.
O curandeiro preparara poções, aplicara compressas, murmurou encantamentos