Ela quer vingança. Ele quer seu amor. Emma Cassano odiava a máfia, mas por uma tragédia do destino, acabou envolvida com a família mais poderosa da Itália. Ela odiava mafiosos, mas acabara grávida do neto de Giovanni Vacchiano, o chefe da família. Decidido a dar uma lição no neto arrogante, Giovanni oferece um acordo para Emma, tentador o bastante que ela não foi capaz de recusar. Lorenzo Vacchiano sempre admirou sua secretária. Ela não tinha medo, não baixava a cabeça para o perigo. Aos seus olhos, Emma era perfeita. Mas tinha um problema: sempre recusou seus avanços. Determinado a conquistar seu coração, Lorenzo será capaz de tudo para fazer com que Emma o olhe com afeição. Até mesmo criar o filho de outro homem. Quando uma ameaça surge sobre a família Vacchiano, Lorenzo e Emma precisam se unir para enfrentar o desconhecido. A aproximação deles se torna palpável e Emma precisa decidir entre a vingança ou o amor e a revelaçao de seu segredo.
Leer más“Don Giovanni, por que me chamou aqui?”
O homem olhava pela janela, um charuto caro em sua boca, como se estivesse absorto em pensamentos. Eu não pude deixar de notar o cansaço em seus ombros e o esforço que o mesmo fazia para manter-se de pé. Giovanni Vacchiano estava doente. Diagnosticado com mal de Parkinson, ele manteve-se forte, lidando com assuntos que eu não queria saber. Em seus setenta e oito anos, mantinha a mesma mão firme de antes, sendo até mais implacável quando recebeu o diagnóstico. Homem austero, calvo e baixinho, vestia sempre seu terno caro para tudo, mesmo para coisas simples. Era um homem admirável… e manteve meu segredo guardado. Aproximei-me da cadeira à sua frente e sentei, tentando entender o motivo dele ter me chamado. Imaginei que seria por conta de sua doença. “Boatos começaram a surgir sobre quem seria seu sucessor.” Ele estalou os dentes, irritado. “Bando de inúteis. Não veem a hora da minha morte. E sabe o que é mais hilário, querida?” - deu uma tragada no charuto. - “Eles não disfarçam isso.” “Mudança na hierarquia sempre é assustador. Mas o que estão fazendo vai além da estupidez.” Giovanni olha para mim, seus olhos acinzentados surpresos com minhas palavras. Apenas dei de ombros. Podia não ser da máfia, mas conhecia sua reputação e o que faziam. Os Campanas eram implacáveis e se tratando de coletar e vender informações, eram os melhores. Deveriam estar preocupados com a maré de conflitos que se aproximava de todos, pensei comigo mesma. Por mais estável que as coisas estivessem, a qualquer momento tudo poderia ir para o ralo. Ele passou a mão na cabeça e sentou-se na minha frente. Seu semblante pesado, como se não tivesse dormido à noite. Continuamos em silencio quando o secretário de Giovanni entrou na sala com alguns documentos para ele assinar. Arqueei a sobrancelha, mas não comentei nada. O secretario então olhou para mim e sorriu. “Senhorita Emma. É bom vê-la de novo.” – disse, endireitando o corpo. “Igualmente, John. Como vai a família?” “Muito bem, querida. Obrigada por perguntar.” – Giovanni pigarreou e John fez uma reverencia, nos deixando sozinhos. Eu o olhava com preocupação enquanto ele se mantinha em silencio. O crepitar da lareira era o único som audível no recinto. Giovanni olhou pra mim, sério. Era sua tática, intimidar os outros com o olhar, mas não funcionava comigo. Independente do que ele fosse, jamais baixei a cabeça para Giovanni. Ouvia ele reclamar de como eu era peculiar. “Estarei me aposentando em breve, nós dois sabemos que não tenho muito tempo.” Fiquei triste. Os Campanas tinham a tradição de tirar a própria vida, caso sua enfermidade não tivesse cura. “Essa tradição é ridícula, Giovanni. Você sabe disso.” Ele seria morto pelo próximo sucessor, que poderia ser alguém da família ou alguém que ele confiava. Era uma tradição bárbara. “Tradições são as diretrizes da minha família, Emma. Não posso mudar isso. Que tipo de líder eu seria?” “Que tal um líder sensato?” – retruquei suas palavras e ele sorriu. “Você é direta, Emma Cassano. Não nega suas opiniões para ninguém.” “Isso não muda nada, Giovanni. Por favor, repense sobre isso.” Supliquei, angustiada. Ele balançou a cabeça e recostou o corpo na cadeira. Ambos sabíamos que ele não cederia. A honra era grande demais para fugir como um covarde. Além disso, alguma gangue rival poderia tentar assassiná-lo no seu momento mais vulnerável. Cerrei os punhos em frustração. “Se não me chamou para dizer que mudou de ideia, por que estou aqui?” “Preciso de sua ajuda. Quero que você trabalhe com meu sucessor.” A cor de meu rosto desapareceu. “Está falando sério?” Indaguei, nervosa. “Sim. Pelo menos, até sua gestação estiver no seu ultimo estagio.” Ele notou minha mudança de tom, saiu de seu lugar com a ajuda da moleta e sentou ao meu lado. “Sei que você não quer se envolver novamente e entendo sua posição depois do que aconteceu... Mas não há ninguém para auxiliar meu neto além de você.” “Então você já escolheu.” “Sim.” Essa era sua decisão, eu não iria questionar. “Giovanni, é arriscado.” “Esse é meu pedido, Emma. Ajude ele.” Nunca tinha visto um líder como ele implorar, mas o ver em sua forma vulnerável fez meu coração se partir. Eu não queria, mas sabia que não tinha escolha. Confirmo com a cabeça e um sorriso genuíno apareceu em seu rosto. Inclinando o corpo para a frente, pegou os papéis que John trouxeram mais cedo e me entregou. Olhei o contrato com atenção, as clausulas claras. Sem as tradicionais armadilhas de contrato. “Porque eu, Giovanni?” “Por que, desde o dia que você me desafiou, senti confiança irradiar de você. Uma pequena joia escondida em um mundo cruel.” Ele deu de ombros, como se sua explicação fizesse sentido. Abri a boca para protestar, mas sons estranhos ecoaram da sala ao lado. Nós trocamos olhares e levantei em alerta. Coisas foram arremessadas, vidros quebrados e uma série de xingamentos ficaram mais altos a medida que o invasor se aproximava. Giovanni permaneceu quieto, quase sereno. Seu olhar porém, mostrava um brilho assassino. Quem em sã consciência teve coragem de desafiar Giovanni Vacchiano? A porta foi quebrada com um chute e dois homens entraram. Ambos tinham tatuagens de teia de aranha, uma gangue pequena local. Eram ridículos e a maneira como se vestiam eram dignos de pena. “O grande Vacchiano finalmente vai bater as botas...” Ele falou, segurando uma faca nas mãos e se aproximou de Giovanni. Me interpus entre eles com uma frieza surreal. Era muita audácia desafiar alguém poderoso e não lidar com as consequências. “Senhor, agendou visita?” Disse educadamente. “É falta de educação abordar um homem tão ocupado sem agendar um horário.” O homem me olhou com escárnio, me julgando descaradamente. Mantenho meu semblante imparcial enquanto esperava uma resposta. Ele inclinou o corpo em minha direção e deferiu um tapa em meu rosto. Giovanni ergueu-se da cadeira para me defender, mas o segundo homem apontou uma arma em sua cabeça. Meu rosto ardia e a raiva crescia. Eles não faziam ideia no que se meteram. “Por que não cala essa boca, sua puta. Deve obediência ao novo Don da família Vacchiano.” “Quem? Você?” Dei uma risada sarcástica e limpo meu rosto com um pano. “Como alguém tão baixo como você seria líder de algo tão grandioso.” Via o ódio brilhando nos olhos dele e isso me fez rir ainda mais. Dei um passo em sua direção e no minuto seguinte, um tiro ecoou pelo escritório. Chocado, o homem olhou para o próprio estômago e começou a gritar. Sangue escorreu do ferimento e meu sorriso se alargou, a arma estava em minhas mãos. Recostei meu corpo na cadeira e observei, satisfeita, o homem cair duro no chão. Olhei para o segundo intruso que tremia tanto que sequer conseguiu destravar a arma. Amador, pensei, as sobrancelhas arqueadas. “É uma pena... Matei seu amigo tão rápido e não pude tirar informações dele.” “Felizmente temos o outro aqui querida. O que acha?” Um sorriso maquiavélico surgiu em meus lábios. “Vamos provar o porque da família Vacchiano ser a mais poderosa do estado.” *** “É surpreendente de ver como existem pessoas suicidas.” Giovanni limpa o sangue do rosto com nojo. O corpo do intruso já sem vida jazia no chão. Ele tinha quebrado o crânio do cara e seu cérebro estava espalhado pela sala. Não pude negar que a visão era nojenta, mas aquilo não me abalava. “Acho que estavam tentando a sorte.” – disse, dando de ombros ao completar: “Pena que escolheu o oponente errado.” O homem riu, tirando o soco inglês de sua mão. Era difícil de acreditar que um homem tão integro como ele teria um fim tão trágico. Apesar das coisas que fazia, Giovanni Vacchiano era um amigo muito especial para mim. Voltei para seu escritório e peguei o contrato. Era algo arriscado e, conhecendo meu amigo, ele não dava um ponto sem nó. “Meu neto é um imbecil!” Dei de ombros, voltando a atenção ao contrato. Estabelecia que eu teria proteção total da família Vacchiano, independente se eu levasse a gravidez adiante ou não. Nesse arranjo também deixara claro que apenas três pessoas sabem sobre ela: John Stefano, Giovani Vacchiano e eu. Eu não fazia parte daquele mundo, mas ter sido abusada pelo neto do maior líder da máfia italiano me fez entrar na lista. Não julgo o idiota por isso, tudo que aconteceu naquela noite era um borrão. Apenas lembro as notas de dinheiro sobre o criado mudo e uma nota que dizia: ‘Pelo serviço bem feito.’ Lembrar daquilo me fez ferver de raiva. “Se eu assinar... Poderei me vingar do seu neto?” Giovanni arqueou a sobrancelha, e um sorriso brincalhão surgiu em seus lábios. “Vai matar ele?” “Não, mas quero fazer ele pagar pelo que fez. Destruirei seu maldito orgulho.” Ele riu, uma risada que nunca tinha escutado. “Garota, acho que tenho que te aplaudir. Fazem anos que desejo dar uma lição nesse moleque. O que acha, Emma? Temos um acordo?” John entrou na sala, sua roupa perfeitamente impecável, sequer parecia que ele tinha massacrado varias pessoas em tão pouco tempo. Ele trazia consigo um pequeno ferro, com o símbolo duplo da família e o colocou na brasa quente. Assenti, mostrando o braço para apertar sua mão. Giovanni sorriu e enquanto John marcava minha pele, as palavras seguintes me surpreenderam. “Que comece o show.”Algo parecia diferente no dia seguinte.Não abri os olhos para reconhecer um peso desconhecido sobre meu corpo. Era a primeira vez que isso acontecia desde que passamos a dividir a cama. Cada um tinha ciência de seu próprio espaço, mas agora isso tinha feito mudado depois do desenrolar da outra noite. Parecia uma nova atmosfera. Abri meus olhos e olhei para ela. Seus cabelos de repousavam em meu braço e sua cabeça continuava em meu peito enquanto dormia profundamente. Nem em um milhão de anos imaginei que um dia a veria dormindo desse jeito em meus braços. Sua camisola era simples, diferente daquela que vi quando fui à sua casa. A seda foi substituída por algodão e a camisola era tão grande que parecia roupa de vovó, mas continuava linda.Seu corpo estava grudado ao meu, mas senti a leve protuberância de sua barriga evidenciando sua gravidez. Quis por a mão em sua barriga, sentir o calor daquela pequena vida que se gerava dentro dela. Não o fiz, pois se eu a tocasse, Emma acordaria e
Eu estava enlouquecendo.Fiel a sua palavra, Lorenzo não permitiu que eu saísse de seu campo de visão. Fiquei trancada por alguns dias para me recuperar, saindo eventualmente para tomar um pouco de sol com um grupo de escolta. As refeições eram difíceis, pois Lorenzo ficava na sala de jantar para me fazer “companhia”. Seus olhares atentos me faziam sentir mal, mesmo que minha dieta fosse liquida por uns dias.A hora de dormir era pior. Toda noite ele se deitava ao meu lado em silêncio, me ignorando totalmente. Desde o que aconteceu comigo, Lorenzo continuando por completo. Meu orgulho não me permitiu falar com ele. Era obvio que eu não cederia aos seus caprichos e ele sabia disso.A situação era desconfortável e essa noite não foi diferente. Mas, diferente das outras, Lorenzo entrou no quarto coberto de sangue. Levantei da cadeira onde estava sentada e me aproximei dele, parando a alguns passos de distância. Ele parecia cansado, mas arqueou a sobrancelha com minha proximidade.Mantend
Era tudo minha culpa.Eu falhei em protege-la.Sentado em meu quarto, tudo o que pude sentir era remorso. Quando a vi no chão desacordada, seu lindo corpo repleto de hematomas e o sangue em seu rosto me fez perder a cabeça. E o filho da puta que fizera isso continuava agredindo-a mesmo desacordada. Nunca tinha sentido uma fúria tão grande. Ou o sentimento de impotência.Em meus braços Emma pareceu tão pequena e tudo que eu conseguia pensar no quanto eu tinha sido imbecil mais cedo. O agressor fora contido e levado para as masmorras da minha propriedade, mas não antes de gritar e amaldiçoar Emma de todos os nomes possíveis. Precisei de todo meu autocontrole para não o matar ali mesmo.Tudo o que pude fazer foi pegar a mulher em meus braços e correr para minha casa. Não confiava em hospitais, os médicos que trabalhavam para mim eram mais capazes para cuidarem dela.Depois que meus médicos se trancaram no quarto com Emma, tudo foi um borrão.Meu humor estava instável. A consciência de qu
Quando entrei em minha casa, parecia que eu havia ficado muito tempo fora. Joguei minha bolsa sobre o sofá e passei a mão na testa. A discursão com Lorenzo me deixou extremamente abalada. Um gosto amargo persistia em minha boca desde o momento que saí da casa dele e essa sensação ruim não ia embora. A única forma que encontrei para aliviar minha mente fora arrumar minhas coisas, organizar um cômodo provisório para o bebê e pensar no que comprar. De imediato, um berço e fraldas descartáveis eram essenciais. Então esse seria meu primeiro passo, junto com alguns utensílios infantis. A ideia de ser mãe solo me apavorava. Não ter uma rede de apoio ao meu lado me levou a ter crises logo que soube da gravidez, mas Giovanni e John foram minha fonte de apoio naquele momento e por causa deles pude aceitar. Mas me convenci de algo naquele dia: Lorenzo nunca saberia que esta criança era dele. Depois de um bom banho e vestir uma roupa um pouco mais confortável, saí de casa. Mas não fiquei surpre
O dia após o evento foi no mínimo caótico.Cartas, e-mails e mensagens chegaram aos montes. Uns expressando lealdade e preocupação com o que acontecera, outros beiravam em desculpas e atitudes desesperadas repletas de arrependimento. De aquilo era verdade, ninguém saberia. O fato era que a noite anterior fora um aviso claro. Lorenzo conseguiu atingir no ponto mais fraco de Maximillian, tirando a ideia de traição dos líderes de gangues no processo.Por hora, o que acontecera não iria me incomodar. Lorenzo tinha me dado o dia de folga pelo meu trabalho árduo com o bendito evento. No quarto de hóspedes decidi que iria aproveitar essa folga e comprar algumas coisas para meu filho.Meu filho...Finalmente estou aceitando o fato de que serei mãe, apesar de ainda ter minhas dúvidas sobre isso. Olhei pela janela os seguranças de Lorenzo andando de um lado para o outro em suas atividades normais. Algo que eu sempre odiei tornou-se muito familiar aos meus olhos. De forma inconsciente, pousei a
Estava afastado conversando com algumas pessoas quando o tumulto começou no salão. Nem em sonhos imaginei que Emma estaria no centro disso tudo. O modo como ela olhava aquelas pessoas deixava claro que os conhecia. E quando a mulher lhe dera um tapa, senti um impulso de arrancar as mãos da cretina fora. Não suportei mais ficar em silêncio e fui até ela.Fiquei orgulhoso de ter chegado no momento certo e ter oferecido meu apoio, caso contrário, aquelas pessoas a arrastariam contra a vontade. Eles se pareciam muito, então o fato de serem pais de minha assistente era verdade, a reação que ela demonstrou era bem óbvia. Mas isso não lhes dava o direito de agredir a filha, principalmente em meu território.A comoção estava feita. Olhares curiosos se amontoaram ao nosso redor para apreciar o espetáculo. Encarei o casal com um falso interesse. Era estranho que pensassem que ela baixaria a cabeça e os seguiria fielmente depois de vende-la como mercadoria.— O que você quer dizer com isso? — As
Último capítulo