POV Dante
A água escorria quente pelas minhas costas, mas nem o calor conseguia apagar o frio que vinha de dentro.
Fiquei ali, parado sob o chuveiro, sem saber há quanto tempo, com a cabeça encostada na parede de mármore e o gosto amargo de arrependimento preso na garganta.
As palavras da briga martelavam como ecos dentro do banheiro. O choro da Sofia. O olhar da Isa, aquele misto de mágoa e cansaço que me desarmava mais do que qualquer grito.
Porra, eu tinha perdido o controle. De novo.
Fechei o registro e fiquei um tempo olhando o próprio reflexo no espelho embaçado. Os olhos vermelhos, o semblante cansado.
Era estranho, eu tinha passado boa parte da vida achando que ser forte era nunca demonstrar fragilidade. Mas ali, nu, com uma toalha presa à cintura e o peito apertado, eu me sentia exatamente o contrário: forte por admitir que estava quebrado.
Peguei a toalha, enxuguei o rosto e saí do banheiro.
O quarto estava quase todo escuro, iluminado apenas pela luz da cidade filtr