Capítulo 221 — O tribunal condena...

POV HEITOR

A sala do tribunal parece menor do que eu lembrava. Talvez seja eu que encolhi, diminuí tanto por dentro que qualquer espaço parece grande demais pra mim.

O ar está seco, tenso, pesado… e ninguém me olha como ser humano. Só como um monstro prestes a ser enjaulado. E, honestamente… quem sou eu pra discordar?

Sento. O banco de madeira reclama sob meu peso. A madeira range como se também me julgasse.

Os fotógrafos estão na porta, tentando capturar cada ângulo da minha destruição. E pela primeira vez na vida, não tento parecer forte. Nem digno. Nem homem.

Eu só existo.

O juiz entra. A plateia se cala. E eu sinto meu coração parar um segundo, como se tentasse fugir.

— Iniciamos o julgamento do réu Heitor Montenegro, acusado de duplo homicídio qualificado…

A frase me atravessa. Nada dói mais que ouvir o nome da minha esposa e da minha mãe citado no laudo como vítimas. Vítimas minhas.

O procurador começa a falar, mas meu cérebro zune. Só escuto fragmentos.

“sabotagem”

“adulteração
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