POV Dante
O gelo já tinha derretido há muito tempo no copo.
O uísque agora era apenas um líquido morno, insosso, parado no fundo do vidro como a minha paciência.
O bar do hotel era uma bolha de penumbra e música baixa. Luzes âmbar, risadas abafadas, gente demais fingindo que a vida estava em ordem.
E eu ali, no canto, camisa aberta no colarinho, com um nó na garganta que nem o álcool conseguia dissolver.
O celular repousava virado pra baixo sobre o balcão. Notificações continuavam chegando... menções, manchetes, mensagens de gente que eu nem lembrava o nome.
Aquela maldita foto estava em todo lugar.
Eu e Isa tínhamos discutido feio. Feio o suficiente para eu sair antes que dissesse algo imperdoável.
A imagem não saía da minha cabeça: Raul tocando o braço dela, o rosto dela tenso, os dois debaixo da luz amarelada. Parece ridículo, uma foto, um instante, mas o que ela representava era o que me corroía.
Não era ciúme. Era medo. Medo de não ser o bastante.
Quando a gente ama uma