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Capítulo 4 - Cristian

Se antes eu tinha alguma dúvida em relação à obra do destino, agora não tenho mais.

Estamos indo para o mesmo hotel, e mal consigo conter a alegria com isso. Normalmente sou bastante reservado, não costumo flertar, mas, por algum motivo, quero que ela preste atenção em mim. Nem sei explicar direito por quê.

Depois de alguma insistência, ela finalmente diz seu nome: Louise. Um nome bonito, sem dúvida. Mas, se me permitir ser honesto, "furacão" cairia melhor. Uma risada inesperada escapa dos meus lábios quando me lembro do nosso encontro algumas horas atrás. Ela me observa com curiosidade, ainda relutante em mergulhar na conversa, mas estamos progredindo — devagar, mas estamos.

Chegamos ao hotel, o ar de Roma enche meus pulmões. Finalmente, me sinto em casa.

Aproximo-me de Louise mais do que deveria, tentando disfarçar o sorriso idiota que insiste em surgir. Temos a chance de nos conhecermos melhor — pelo menos, é o que eu espero.

A recepcionista nos olha e sugere que somos um belo casal, e por um segundo, gosto da ideia. Mas Louise corrige logo, com firmeza, deixando claro que não estamos juntos.

Ela se apresenta para a mulher morena de rosto gentil atrás do balcão e, por um momento, esqueço como é respirar.

Louise Scartt.

O nome ecoa na minha mente como um trovão. Foi assim que ela se apresentou, certo? Um arrepio percorre todo o meu corpo.

Entre bilhões de pessoas no mundo, eu estive nas últimas horas com uma Scartt — e não qualquer uma, mas com Louise Scartt. A única herdeira do império da família Scartt.

Puta que pariu.

Isso não pode ser verdade.

Ela deve ter notado a mudança repentina no meu rosto, porque praticamente corre depois de pegar  as chaves, e entrar no elevador sem olhar para trás.

Observo Louise se afastar. Não a sigo, por mais que eu quisesse.

Fico ali, estático.

— Está tudo bem, senhor? — pergunta a recepcionista.

Devo estar branco como papel, porque ela continua me olhando com preocupação mesmo depois de eu balbuciar que sim, que está tudo bem. Ou apenas murmuro algo vago e decido subir pelas escadas. Talvez o movimento ajude a organizar o caos que virou minha mente.

Do jeito que as coisas vão, não duvido que o sistema de reservas tenha nos colocado no mesmo quarto. Não que isso seja algo ruim… quer dizer, é péssimo. Para minha sanidade mental.

Em poucas horas, a garota já tinha me virado do avesso. Não quero nem imaginar o que mais ela seria capaz.

E o mais perturbador é que eu a conheço. Ou, pelo menos, deveria conhecê-la.

Preciso de ar. Preciso esclarecer a mente.

Meus passos ecoam pelos degraus da escada.

Sem sinal de Louise pelos corredores, graças aos céus.

Apesar do cansaço da viagem, não consigo dormir. Toda vez que fecho os olhos, o sobrenome Scartt se repete como uma sirene nos meus pensamentos. Antes fosse só isso — ainda tenho que lidar com a lembrança do calor do corpo dela no meu, o cheiro de cereja no ar e aqueles malditos olhos safira.

Respiro fundo. Me sento à beira da cama, encarando o nada, com os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos nos cabelos

— Louise Scartt — murmuro em voz alta.

Claro que tinha que ser ela. Só podia ser.

O destino tem um senso de humor horrivel.

E eu, um idiota em nome e sobrenome, esbarrei nela, literalmente. E depois flertei como se ela fosse só mais uma desconhecida encantadora com gênio difícil.

Fecho os olhos e solto um riso abafado, quase desesperado.

Desisto de tentar dormir. Já deve passar de meio-dia. Me visto e saio. Vou até a Fontana di Trevi — afinal, ainda estou em Roma.

A fonte sempre teve efeito positivo em mim.

Minha mãe costumava dizer que ela era mágica e realizava desejos feitos com o coração. Quando cresci, descobri que não era bem assim. Mas, mesmo hoje, cada vez que venho a Roma, jogo duas moedas — Mas hoje estou disposto a jogar três, por esperança, talvez.

Ao me aproximar da fonte, lotada como sempre, vejo uma silhueta familiar entre as pessoas.

Louise.

Pode parecer errado ter gravado cada curva do corpo de alguém que conheceu há apenas vinte e quatro horas, mas — em minha defesa — nunca me senti assim antes. Nunca, por ninguém.

Pensei em não me aproximar. Em dar meia-volta e deixá-la em paz.

Mas meu corpo tem outras ideias. Antes que eu perceba, meus pés já estão me conduzindo na direção dela.

Praticamente atravesso um oceano de pessoas para alcançá-la. Ela está distraída, prestando atenção no que um guia rechonchudo dizia. O homem tinha o dom de encantar com as palavras. Até eu parei por um instante para escutá-lo, mas logo voltei minha atenção para o que realmente importava.

Cheguei sutilmente por trás. Não queria que ela pensasse que eu era um lunático a perseguindo. Embora, sendo honesto, eu provavelmente parecesse exatamente isso.

A mulher tem a maldita força de um ímã que me arrasta sem esforço.

Se eu falar com ela, talvez consiga controlar esses pensamentos e acabar com essa baboseira que venho alimentando nas últimas horas.

Sempre funciona — como uma música grudenta que não sai da cabeça até a gente escutá-la até o fim.

Acredito que com pessoas não seja tão diferente.

Só preciso falar com ela uma última vez.

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