Os primeiros dias em casa não tiveram nada de épico.E Patrícia agradeceu por isso.As noites eram fragmentadas, o sono vinha em blocos curtos, o corpo ainda se ajustava a uma nova lógica. Havia dor, havia cansaço, havia dúvidas pontuais. Mas não havia caos. Não havia medo. Não havia aquela sensação de perda de controle que tantas mulheres descreviam como inevitável.Patrícia organizava o dia como sempre fizera: observando, ajustando, respeitando limites reais.O bebê acordava, mamava, dormia. Chorava às vezes sem motivo claro. Patrícia aprendia o ritmo aos poucos, sem pressa de acertar tudo. Não romantizava o instinto materno. Tratava-o como construção.— A gente aprende junto — dizia em voz baixa, embalando o pequeno corpo contra o peito.Enzo respeitou o espaço desde o início. Não se impôs, não se afastou demais. Estava ali, disponível, atento, sem tentar ocupar um lugar que não lhe cabia. Preparava refeições simples, cuidava da casa, assumia tarefas sem anunciar.Patrícia notava.
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