Patrícia percebeu que a pressa era uma linguagem antiga.Não do mundo, mas dela mesma. Uma pressa aprendida, treinada, quase automática. A pressa de responder bem, de decidir rápido, de provar eficiência. A pressa que, por muito tempo, a fez parecer forte quando, na verdade, só estava exausta.Agora, algo tinha mudado.Miguel dormia no carrinho enquanto ela caminhava devagar pela calçada, sentindo o sol morno da manhã tocar o rosto. Não havia destino urgente. Havia apenas o trajeto. E isso, para Patrícia, era uma pequena revolução pessoal.Ela parou diante de uma vitrine qualquer, não para comprar, mas para observar o reflexo. Viu uma mulher diferente. Não mais tensa. Não mais em estado de alerta. O corpo ainda cansado, sim. Mas não contraído. O olhar não fugia. Sustentava.— É aqui que eu estou — murmurou.Quando voltou para casa, encontrou Enzo sentado à mesa, lendo algo no tablet. Ele levantou o olhar quando ela entrou.— Recebi uma proposta — disse. — Não profissional. Pessoal.Pa
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