Patrícia não comemorou a audiência.

Não sorriu, não ligou para ninguém, não se permitiu a falsa sensação de vitória. Ela sabia melhor. Gente como Bianca não recua quando perde espaço. Recuar seria admitir limites, e limites eram tudo o que Bianca jamais aceitara.

Naquela noite, Patrícia dormiu pouco, mas dormiu profundamente. Não foi um sono leve de quem foge. Foi um sono denso de quem sabe exatamente onde está pisando.

Acordou cedo, antes mesmo do despertador. Preparou o próprio café da manhã, separou vitaminas, anotou horários, organizou o dia. Rotina era uma forma de poder. Estabilidade também.

Quando Enzo apareceu, ainda ajustando a camisa, ela já estava sentada à mesa, lendo calmamente no tablet.

— Você não desacelera nunca? — ele perguntou.

Patrícia ergueu o olhar.

— Eu desacelero por dentro — respondeu. — É isso que me mantém inteira.

Ele se sentou à frente dela.

— O que você vai fazer hoje?

— Exatamente o que ela não espera — disse. — Vou viver normalmente.

E viveu.

Saiu para