Lizandra Oliveira Depois de mais um longo e cansativo dia à procura de trabalho, virei a esquina da viela estreita onde ficava o quarto que eu alugava, meu coração já vinha pesado, nos últimos meses. Eu só queria tirar os sapatos, respirar fundo e tentar acreditar que amanhã seria diferente. Mas, quando vi a porta escancarada e minhas coisas espalhadas no corredor, senti minhas pernas quase falharem. — Dona Olinda? — minha voz saiu baixa, trêmula, mas ela nem esperou eu me aproximar. Ela estava ali, braços cruzados, expressão dura, como se eu fosse um incômodo que ela finalmente estava se livrando. — Já falei, Lizandra. Três meses. Três. Não tem mais conversa — ela disse, pegando minhas bolsas de roupas e largando ao lado da porta, como se nem fosse minha. — Por favor… eu só preciso de mais uma semana. Eu consegui deixar currículos, estou tentando. Hoje mesmo fui em quatro escolas… — tentei argumentar, sentindo a garganta fechar. — Tentar não paga aluguel — ela cortou, seca, vi
Ler mais