Sonhei com ela.Não com o rosto — ele continuava um borrão elegante, feito de ausência — mas com o som.O som de seus passos em um chão de mármore, lentos, calculados, quase dançados.E atrás dela, ele.Thomas, mais jovem.Sem o peso que o tempo lhe colou na pele.Olhar menos frio, mais vulnerável.Como se amar fosse ainda uma hipótese, não uma ferida.No sonho, ela dizia algo que eu não ouvia — mas sentia: “Não existe salvação para quem confunde devoção com amor.”Acordei antes do toque, antes da queda.Amanheceu chovendo.O tipo de chuva fina que não apaga o mundo — o revela.E com ela, veio a pergunta que eu vinha evitando:se ela, a mulher do passado, ainda vivia nele…em que lugar eu caberia?Abri o diário que Thomas me deixara, o de capa preta.Na primeira página, uma caligrafia elegante:E. Walsh — A estética do controle é o disfarce mais bonito da solidão.Li a frase mais de uma vez.E entendi.A mulher antes de mim não era um fantasma.Era um espelho.E eu estava prestes a de
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