Paula Moretti
A fama de Don Nicolo Moretti não era um segredo em Nápoles. Diziam que ele era um homem que extraía informações como um dentista extrai um dente, com ferramentas afiadas e sem anestesia, parando somente quando obtinha o que queria.
E eu, Paula Caccini, agora Paula Moretti, era a próxima peça na mesa de interrogatório do meu próprio marido. Sabia que este casamento não seria tingido de amor, nem mesmo pela mais pálida sombra de carinho. Mas a morte de Mario transformara uma sentença de prisão perpétua numa condenação à morte lenta.
Meus dias seriam de terror, minhas noites… bem, eu me recusava a pensar nas noites nesse momento.
Enquanto Nicolo me arrastava de volta ao carro, minha mente voou para os últimos conselhos da minha mãe, Isabella, dados num sussurro frágil, quando a doença já a consumia. Sua mão, fina como papel de arroz, apertava a minha.
— Minha pequena estrela… — ela sussurrou, seus olhos febris fixos nos meus — A vida de uma mulher na nossa… situação… é uma d