A madrugada se estendia como uma cicatriz no céu.O vento soprava entre as árvores do chalé, e o som do galho batendo na janela parecia um presságio.Camila acordou de repente, o coração acelerado, os lençóis úmidos de suor.Por um instante, não soube se ainda sonhava.Mas o frio que cortava o ar dizia que aquilo era real — havia algo errado.Ela olhou para o lado: Ricardo dormia profundamente, o rosto cansado, os traços tensos mesmo no descanso.Levantou-se devagar, pegou o robe e foi até a varanda.O luar cobria o campo com uma luz leitosa, silenciosa demais.Tudo parecia em paz — quieto, imóvel — mas o instinto dela gritava.E então, lá embaixo, viu.Um carro preto parado perto da estrada, as luzes apagadas.O coração de Camila travou.— Ricardo… — murmurou, voltando para o quarto. — Ricardo, acorda.Ele se mexeu, confuso. — O que foi?— Tem alguém lá fora. — A voz dela tremia. — Eu vi um carro.Ricardo levantou num salto, pegando o celular, indo até a janela.Por um momento, o sil
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