A madrugada ainda nem havia terminado quando Ricardo colocou a mala no porta-malas do carro.
O ar frio da serra entrava pelos galhos das árvores, e o som dos grilos parecia mais alto que o normal.
Camila, com o bebê nos braços, observava em silêncio da varanda.
O chalé que antes parecia abrigo agora só trazia lembranças de medo.
Cada canto, cada sombra parecia carregar a presença invisível de Beatriz.
— Está tudo pronto. — disse Ricardo, fechando o porta-malas. — Precisamos sair antes do amanhecer.
Camila apenas assentiu, apertando o bebê contra o peito.
O pequeno se mexeu, soltando um gemido sonolento, e ela o embalou com ternura.
— Vai dar tudo certo, não vai? — perguntou, a voz quebrada.
Ricardo se aproximou, pousando uma mão sobre o rosto dela. — Eu prometo.
Mas por dentro, ele sabia que promessas não seguravam o destino.
Quando o carro partiu, o chalé ficou para trás, pequeno e silencioso entre as árvores.
Camila olhou pelo retrovisor até que o lugar desaparecesse completamente,