A noite caiu devagar, como se o céu tivesse medo de encobrir o que acontecia dentro do chalé.
Depois do abraço na varanda, Camila e Ricardo entraram para evitar o frio que aumentava.
Mas lá dentro, apesar das paredes quentes, o ar permanecia carregado de algo que nenhum dos dois sabia nomear.
Camila caminhou até a pequena cozinha, tentando ocupar as mãos com qualquer coisa — um copo, uma chaleira, um pano.
Mas tudo parecia escapar dos dedos, como se ela tivesse perdido o controle até das pequenas coisas.
Ricardo a observava em silêncio, encostado na bancada de madeira.
Não era o silêncio de antes — tenso, doloroso.
Era outro.
Um silêncio cuidadoso.
Que dizia: “Eu não quero te pressionar, mas não consigo desgrudar de você.”
— Quer que eu faça pra você? — ele perguntou com a voz baixa.
— Não… eu consigo. — Camila respondeu, mesmo sabendo que não conseguia.
Ela se virou para pegar um saquinho de chá, e foi então que o sentiu:
Um movimento.
Não apenas um pequeno toque.
Não apenas um formi