A estrada parecia não ter fim.
O asfalto molhado refletia o céu cinza, e o som do motor era o único ruído que acompanhava Ricardo.
As mãos apertavam o volante com força — não apenas por raiva, mas por medo.
Medo do que ele sabia que estava prestes a encontrar.
Beatriz.
A mulher que ele um dia amou.
A mesma que agora transformava o amor em guerra.
O celular tocou.
Ricardo olhou para o visor — número desconhecido.
Atendeu, a voz firme:
— Fala.
Do outro lado, um silêncio breve… e depois, a voz dela.
Doce. Fria. Perigosa.
— Finalmente teve coragem de sair da toca, Ricardo.
Ele fechou os olhos por um instante, tentando controlar o coração. — Onde você está, Beatriz?
— Você sabe. Sempre soube. — respondeu ela. — É curioso como a verdade demora, mas chega.
— A única verdade é que você precisa parar com isso.
Ela riu. Um riso suave, quase triste. — Parar? Eu só comecei.
O som da ligação caiu, deixando o silêncio de novo.
Mas Ricardo sabia exatamente onde ir.
O antigo casarão da família dela c