Quando a verdade começa a rasgar o véuANDRÉ MARTINS Aquele dia parecia não ter fim. A Cassani’s estava um pandemônio desde cedo. As reuniões haviam se arrastado, Isabella tinha surtado pela manhã, e o restante do andar executivo continuava agindo como se cada um tivesse uma corda invisível presa ao pescoço.Quando o relógio bateu sete da noite, eu finalmente respirei aliviado ao descer até a garagem. O elevador, silencioso e metálico, foi o primeiro respiro depois de doze horas de puro caos.Cíntia vinha ao meu lado. Diferente das outras, ela não vivia de bajular chefes ou trocar favores por benefícios. Era leal, firme, amiga de verdade — tanto minha quanto da Norman. Por isso, mesmo depois de um dia infernal, eu não me incomodava com a presença dela.— Hoje foi pesado demais, André… — ela murmurou, ajeitando os cabelos, com os olhos cansados. — Aquele andar está virando um ninho de cobras.Assenti, sem palavras. Ela estava certa.No carro, dirigi em silêncio até Neuilly-sur-Seine,
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