Eu o vi pela primeira vez no saguão do Instituto. Ele estava encostado na parede, como quem não precisa pedir permissão para ocupar espaço. Rafael. O nome veio depois. O impacto, antes. Ele me olhou como quem já sabia quem eu era. E eu, que sempre fui feita de certezas, senti tudo escorregar. O chão, o tempo, a lógica. — Você é Clara — ele disse, sem perguntar. — E você é atrevido — eu respondi, tentando manter o controle. Ele sorriu. Um sorriso que não pedia desculpas. — Só com quem merece. --- Nos dias seguintes, ele apareceu em todos os lugares. Oficinas, palestras, cafés. Sempre com um comentário afiado, uma pergunta que me desarmava, um toque que parecia acidental mas nunca era. Eu sabia que estava sendo puxada. E não lutei. Porque Rafael não era só atraente. Ele era magnético. E eu, que cresci cercada por amor firme e vigilante, queria saber como era ser levada. Sem mapa. Sem bússola. --- Na terceira semana, ele me beijou. Sem aviso. Sem hesitação. E eu deix
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