Sharon BelmontEm uma sacola de supermercado! Margot trouxe meus pertences em uma sacola do Walmart! Era muito desaforo, não era possível.— Tem algumas recordações que gostaria de obter, principalmente, as fotos espalhadas pelo apartamento. — Tentei argumentar, dar um pouco de noção à criatura, que nem parecia acabar de perder o irmão. Margot mascava um chiclete, fazendo um barulho irritante. Minha vontade era de puxar aquele chiclete e enrolar em sua língua.— Deixei essas coisas de foto para minha mãe ver. Fica tranquila, se tiver algo que te pertença, nós iremos te entregar.Fingindo não dar importância ao que ela disse antes, pois não tinha essa de “se tiver algo que me pertença”, aquele era meu apartamento com o Lorenzo, nosso lar, nosso ninho de amor, tinha muito que me pertencia. Mas não iria discutir, não tinha a menor vontade diante de tudo o que me aconteceu. Então, somente mudei de assunto.— Tem uma mochila preta que seu irmão me deu, que está no…— Uma Carson Voyageur? S

Dante MenegaçoApós dois dias acordado, finalmente a equipe médica estava me pondo para sentar; eu não aguentava mais aquela maca e não via a hora de voltar a andar.A cabeça estava super confusa, mas eu sentia que podia levantar dali e caminhar normalmente. Infelizmente, não me permitiam. O médico sempre dizia: “uma coisa de cada vez”. Não via a hora de ver o meu filho e a minha esposa; as memórias do que aconteceu vinham em flashes, mas eu ainda não tinha ideia do que de verdade havia acontecido. Talvez, como acontece em muitos acidentes graves por aí, a minha mente estivesse tentando pregar uma peça em mim, me fazendo confundir a realidade com a fantasia.Meu ânimo melhorou quando o médico finalmente disse que liberaria as minhas visitas. E meu mundo escureceu quando, ao invés de Isabel, foi meu pai quem entrou no quarto do hospital. A primeira pessoa a me visitar depois de acordar de um coma não foi a mulher da minha vida. ok era o meu pai o homem que me ensinou a ser quem sou. Ma

Dante MenegaçoA expressão no rosto da amiga boa para nada da minha esposa, que nada acrescentava à vida dela, era de total surpresa por me ver ali. Adentrei a casa, sentindo as pernas bambearem. Mas não era o momento de fraquejar.— Freda, pegue o Nick. — Rapidamente, ela obedeceu, fazendo com que meu filho abrisse um berreiro.— Poderia ao menos esperar eu dar a janta do menino? — Apesar de sua surpresa inicial, seu tom não demonstrava nem um pingo de timidez por estar em minha casa sem a minha permissão. Mas o que eu podia esperar de alguém sem escrúpulos como ela?— Não. Não te quero dentro da minha casa; principalmente, não te quero perto, nem com o meu filho. O único elo que existia entre a gente, o qual, a contragosto, eu era obrigado a aturar, era a Isabel, mas ela se foi. — Meu maxilar estremeceu ao dizer isso; era como se minhas palavras tornassem essa nova realidade ainda mais real. — Não preciso conviver com pessoas como você. FORA!Sabia que aquele seria o momento em que

Dante MenegaçoRealmente, eu não sabia o que tinha vindo fazer ali. Quando minha cunhada imaginou que o lugar onde a boa para bada estaria era justamente aquele, cheio de drogados, eu não deveria ter vindo. Aquilo parecia um puteiro a céu aberto, só fez aumentar minha ojeriza, meu nojo por essa mulher.Com raiva, aguardei Laura no carro; por sorte, ela não demorou a voltar. Como já era de se imaginar, estava prestes a começar a arrumar desculpas para as ações dessa infeliz que atendia por nome de Sharon, porém, não deu tempo porque um homem bateu no vidro do motorista, o que a fez abaixá-lo.— Boa noite. Vocês são amigos da Sharon? — perguntou, olhando para nós dois.— Boa noite. Sim. — respondeu Laura. Eu me limitei a ficar calado, apenas esperando para saber onde aquele papo chegaria.— Seria bom se a levassem com vocês. Sharon sempre foi doidinha, mas jamais a vi flertar com o perigo. Os caras que estão com ela são uma rapaziada maldosa, barra pesada.— Tentamos trazê-la com a gen

Dante MenegaçoFoi custoso fazer meu garotinho dormir, ele não parava de chamar pela mãe. Três meses se passaram desde que Isabel se foi. Quando minha esposa morreu, Nick tinha apenas oito meses; agora, nosso menino já estava com um aninho. Na época, ele nem verbalizava, mesmo assim, não esqueceu da mãe.Tinha que organizar a vida do meu pequeno, levá-lo ao pediatra. Devia estar bastante atrasado, até mesmo em sua alimentação. Ainda teria uns dias até voltar ao trabalho, o que era bom. Nesse tempo, encontraria uma babá e eu mesmo colocaria a vida do Nick em ordem. Ao menos até os quatro anos de idade, Isabel e eu não queríamos uma estranha cuidando do nosso bebê, mas diante da situação, terá de ser assim.Não o coloquei no berço, fiz uma barreira de travesseiros para que não caísse da cama. Queria dormir com meu filho, olhar seu rostinho era um acalento para mim. O ruim era que não conseguia dormir muito bem, a cada vez que ele se mexia, eu acordava pensando que Nick poderia cair da c