Dante Menegaço
Briguei, argumentei, roguei para que me deixassem sair ao menos à revelia. Expliquei que meu filho corria perigo; simplesmente, não me deram ouvidos.
O médico foi irredutível: disse que, no meu caso, não haveria possibilidade, pois, como minha lesão foi no cérebro e fiquei muito tempo em coma, eu, provavelmente, não estava agindo de maneira consciente e equilibrada. Por isso, ele tinha o poder de não permitir que eu saísse. Então eu estava desequilibrado do ponto de vista dele? Eles veriam o que era desequilíbrio.
Não me deram meus pertences; ao menos consegui o celular, que me entregaram depois de muito insistir. Agora eu só precisava de alguma roupa que tapasse meu traseiro. Não dava para sair com essas camisolas mostrando minha bunda por aí.
Abri a porta do quarto e o corredor estava vazio, uma vantagem do hospital particular. Fui andando pelo corredor e lendo as placas das portas; a maioria era de quartos. Em uma delas estava escrito “rouparia”. Meti a mão na maçan