O som da máquina de espresso me dava uma sensação estranha de normalidade. O vapor subindo, o aroma forte do café se espalhando pelo ar. Era uma rotina que, até pouco tempo, me bastava. Mas hoje, cada barulho parecia atravessar a minha pele. Eu me sentia à flor da pele, como se estivesse tentando atuar no papel da mulher tranquila que eu costumava ser. Já era metade do dia. O movimento estava intenso, com clientes entrando e saindo, risadas, pedidos rápidos, copos sendo empilhados e aquele burburinho caótico típico do meio da tarde. Eu tentava focar no que estava à minha frente — o café, o balcão, o som do leite sendo espumado — mas minha mente divagava, e a cada cliente novo que entrava, eu me pegava observando demais, imaginando demais, temendo demais. Até que ele entrou. Matt. O ar pareceu ficar mais denso quando vi a silhueta dele atravessando a porta, como se o tempo desacelerasse por um instante. Ele vestia uma camisa social clara, as mangas dobradas até o antebraço, e u
Ler mais