A noite tinha um ar sereno, quase preguiçoso, daqueles que parecem pedir silêncio e cuidado. Depois do jantar, Lucile insistiu que eu e Cori dormíssemos ali, mas eu recusei com um sorriso cansado. Disse que precisava trabalhar cedo no dia seguinte — o que era verdade — e prometi que outra hora ficaríamos. Ela me abraçou forte antes que eu saísse, aquele abraço que cheira a casa, a segurança. Russ apenas assentiu, o olhar ainda preocupado com o que eu havia contado. Peguei um táxi, com Cori aninhada no meu colo. O cansaço a vencera rápido. O pequeno corpo dela respirava num ritmo lento, o rosto encostado no meu peito, os dedos entrelaçados nos meus. Lá fora, as luzes da cidade piscavam como vaga-lumes modernos, e por um instante, eu quis congelar aquele momento — só eu e ela, sem segredos, sem passado, sem medo. Mas a calmaria nunca dura muito comigo. Quando o carro parou em frente ao prédio, meu coração afundou. Matt estava ali, encostado no capô do carro, com o celular na mão
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