Passei o dia inteiro com ele preso na minha cabeça, como uma sombra persistente que não importa o quanto eu tentasse afastar, sempre voltava. Atendi clientes, servi cafés, sorri mecanicamente, mas nada parecia suficiente para me distrair. O medo não fazia barulho, mas estava ali, sólido, constante. Matt poderia voltar. E se voltasse, eu não fazia ideia do que dizer, nem de como reagir. Quando o expediente finalmente terminou, eu já estava exausta, não só fisicamente, mas pelo peso da apreensão que carreguei nas costas. Nick se ofereceu para ficar e me ajudar a fechar a cafeteria, mas recusei. Ele tinha horário para pegar o metrô, e sabia que alguém o esperava depois, sempre de carona até em casa. Não quis atrasá-lo. Ficar sozinha parecia a escolha mais segura, mesmo que meu coração latejasse contra essa decisão. Assim que apaguei as luzes e puxei a porta de vidro, congelei. Matt estava ali. Encostado no carro, com as mãos nos bolsos e aquele ar impassível que me tirava o ar.
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