Os dias na cafeteria tinham um ritmo próprio — o barulho dos copos batendo, o som repetido da máquina de café, o burburinho constante das conversas misturado ao cheiro doce que grudava na pele. Mas naquela manhã, havia algo diferente no ar. Um tipo de silêncio respeitoso, quase protetor, que se formou quando Cecile apareceu na porta. Ela estava mais pálida do que o normal, os olhos cansados, mas havia uma serenidade no modo como andava, como se tivesse passado por algo que a envelheceu alguns anos em poucos dias. Todos pararam por um instante, meio sem saber o que dizer. Depois, um por um, começaram a se aproximar, com abraços leves, palavras curtas e olhares gentis. Era o máximo que podiam oferecer sem parecer invasivos. Cecile sorriu de forma tímida, e o som do sino da porta marcando a entrada dela pareceu um respiro coletivo. A rotina se encaixou de novo, aos poucos. Na salinha dos fundos, enquanto ela ajeitava o avental, eu terminava de prender o cabelo num coque frouxo. O
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