Saulo PradoAngelina caminhava ao meu lado no fórum, passos contidos, ombros erguidos com esforço, o salto preto, combinando com a bolsa, o cabelo vermelho preso num rabo de cavalo.Ela tentava parecer firme, mas eu sabia, bastava observar o modo como seus dedos se apertavam uns nos outros, a forma como evitava me olhar diretamente.Do outro lado do saguão, Raul já nos esperava. De pé, calça jeans desgatada, blusa social preta, ele nos olhava com raiva, com uma fúria contida, até que a mulher de cabelos curtos, castanhos, preso para cima na cabeça, usando vestido rosa claro e barriga saliente surgiu atrás dele, ele me encarava como um cão preso à corrente curta. E eu, com minha maleta preta e meu sorriso sutil, apenas retribuí. Aquele divórcio era tudo o que eu queria ver acontecer. A mulher ao lado dele, Samara, se bem me lembro o nome, trouxe-lhe um copo d’água, mas ele nem notou. Seus olhos estavam cravados em Angelina, como se quisesse intimidá-la. Mas ela seguia firme, cumprim
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