Âmbar.— Comendo de novo, menina? Vai explodir desse jeito!A voz da minha mãe ecoa na cozinha, cortante, carregada de desprezo. Antes que eu possa reagir, ela arranca o prato com o pedaço de bolo da minha mão. Meu estômago dói de fome, mas sei que argumentar só vai piorar as coisas. É sempre assim, tenho que ouvir calada e acatar suas ordens ou será pior para mim.— Olha o seu tamanho! — ela continua, o tom ácido. — Ninguém nunca vai te querer se continuar engordando. Você já não é tão bonita e, gorda, todos os homens só vão rir de você.Cada palavra dela é uma facada. Tento me segurar, engolir o choro, mas sinto os olhos arderem. Não posso mostrar fraqueza. Não na frente dela. Mas são anos de humilhações, de desrespeitos, de palavras duras e que me ferem mais que facas afiadas.— Mas, mãe, eu só peguei um pedaço de bolo... estou com fome — minha voz sai pequena, um fio que mal consigo ouvir. Deveria me manter calada, não retrucar suas ordens, mas estou com fome. Minha mente nem raci
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