(Narrado por Helena)Quando o telefone de Henry tocou, o som foi como um corte na escuridão ao nosso redor. A mão dele, que ainda segurava a minha, hesitou. Seu olhar mudou — um lampejo de urgência, de algo maior do que nós dois.— Preciso atender — ele murmurou, afastando-se levemente.Assenti, sentindo o frio voltar a ocupar o espaço onde antes havia calor.Ele virou-se de costas, atendeu em voz baixa. Mas mesmo à distância, pude notar que algo havia mudado. O rosto de Henry ficou tenso. Os ombros, enrijecidos. E, quando ele se virou novamente para mim, não era mais só o homem que eu desejava. Era o homem que carregava uma verdade perigosa.— Helena... — ele disse, se aproximando devagar — preciso te contar uma coisa.O som do meu nome em sua voz ainda tinha o poder de me desarmar.— Diz — murmurei.Ele me entregou uma pasta de couro. Por dentro, havia fotos, documentos... imagens antigas, mas com rostos estranhamente familiares.— Esse sou eu. Ou... quem eu fui.Minha respiração tr
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