Na manhã seguinte, Mila acordou antes do sol.Ficou alguns minutos deitada, ouvindo o silêncio que só as casas antigas têm — um silêncio que não era vazio, mas cheio de pequenas memórias que pareciam se aninhar nos cantos.Blerim dormia ao lado, a respiração tranquila.Toto estava enroscado no tapete perto da cama, como um guardião cansado.Tudo parecia exatamente como devia ser.Quando levantou, foi até o canto da sala onde havia guardado as lembranças que encontrara no porão.Abriu uma das caixas com cuidado. Dentro, havia papéis antigos, alguns retalhos de tecido, anotações que a mãe fizera num idioma que Mila não conhecia bem.Ela sentou no chão da sala, o sol começando a entrar pelas frestas, e passou um tempo olhando cada objeto.Dessa vez, não havia nó na garganta.Só gratidão.Mais tarde, Blerim apareceu na porta, ainda sonolento, e parou, observando.— Tá fazendo inventário? — perguntou, coçando os olhos.— Tô decidindo o que vai ficar à vista. — Ela sorriu. — E o que vai pro
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