Enquanto isso, Rafael dirigia pelas avenidas de São Paulo como se fugisse de si mesmo. A imagem de Isadora abraçando aquele homem — mesmo que brevemente — não saía de sua cabeça. O ciúmes rasgava por dentro. Pegou o celular e ligou para Gustavo.— Mano, preciso beber.— Tô em cirurgia, Rafa. Emergência. Me desculpa.— Tudo bem... cuida aí. — Rafael desligou e suspirou, os dedos batendo no volante com força. A raiva pulsava.Foi para sua cobertura. Assim que entrou, largou a pasta sobre a poltrona e caminhou direto para o bar. Pegou uma garrafa de uísque envelhecido e um copo, serviu-se e tomou tudo de uma vez. Repetiu o gesto. Depois, foi para o quarto, tirou a camisa e entrou no chuveiro quente tentando apagar a imagem dela nos braços de outro.Mas não conseguiu.Aquela noite foi em claro. Entre goles, lembranças e raiva.Na manhã seguinte, a aura que Rafael carregava podia ser sentida por todos os corredores da empresa. Estava de terno preto, gravata escura, olhos mais sombrios do q

Um misto de surpresa e confusão preencheu seu coração ao ver que era Thiago Avelar, o cantor. Ela não pôde evitar lembrar do convite dele para o show no fim de semana. No fundo, não estava com ânimo para sair, mas... talvez fosse bom para ela. Um momento de leveza, algo que a fizesse lembrar que ainda existia vida fora daquele caos emocional.Aceitou o convite de amizade e o seguiu de volta. Depois disso, resolveu levantar-se de vez e começar a se arrumar para o trabalho. Enquanto se trocava, flashes de Rafael invadiram sua mente. A lembrança daquelas palavras ecoavam: “Ele não te merecia... Você não tem ideia do que merece.”Que tipo de homem dizia algo assim e, no momento seguinte, parecia construir um muro intransponível ao seu redor? Era como se, ao mesmo tempo que a empurrava para longe, estivesse tentando mantê-la perto.Confusa, terminou de se vestir quando ouviu batidas suaves na porta. Era Laura, chamando-a para o café da manhã.— Isa, vamos descer, o café está pronto!— Já e

— Você... — Ela tentou argumentar mais percebeu que havia algo ali que ela tinha deixado passar despercebido e então se aproximou dele tentando lhe dar um beijo quando ele se virou fazendo-a acertar sua bochecha, Patrícia então saiu, irritada e humilhada por ele não corresponder seus avanços.— Idiota... — sussurrou para si mesmo, passando as mãos pelos cabelos em frustração.Rafael ficou sozinho em sua sala.Lembrou-se do modo como Patrícia tentou se insinuar. O desprezo que sentiu por aquela atitude foi imediato. Mas o pior não fora ela. Fora Isadora ter presenciado. O olhar dela dizia tudo. A dor, a humilhação, a certeza de que jamais deveria ter se permitido sentir algo por ele. E isso rasgava algo dentro dele.Rafael, sozinho, encarava a janela larga de sua sala. Lá embaixo, entre as ruas movimentadas, ela talvez estivesse caminhando. Talvez chorando. E ele não podia simplesmente descer e dizer: "Não é o que parece". Porque era. Não do jeito que ela pensava, mas ainda assim, era.

Isadora já estava deitada, tentando dormir, mas ainda inquieta, preocupada com Rafael. Quando viu a tela do celular acender com o nome dele, seu coração acelerou. Atendeu rapidamente.— Alô? Rafael?Do outro lado, nenhum som. Apenas uma respiração ofegante.— Rafael, está me ouvindo? Onde você está? Está bem?Depois de alguns segundos, a voz dele veio rouca, cansada, carregada de dor:— Me desculpa...Isadora se sentou na cama, confusa.— Desculpar por quê? O que houve?— Eu... eu sei que te machuquei... aquela hora... não é o que você pensa...Ela foi pega de surpresa pela confissão dele. O tom de sua voz a fez lembrar da cena mais cedo, com a tal noiva no colo dele.— Não se preocupe, senhor. — respondeu, tentando manter a voz firme.— Me desculpa... — repetiu ele, a voz mais fraca.— Rafael... você bebeu?Houve um silêncio breve antes da resposta.— Desculpa... boa noite...E a ligação caiu, deixando Isadora com um aperto no peito e um turbilhão de perguntas sem respostas.No banco

Do outro lado da cidade, Rafael ajeitava o colarinho da camisa diante do espelho. O rosto ainda cansado, os olhos marcados por olheiras discretas, mas a mente agitada. Pegou o telefone e ligou para Gustavo.— E aí, vai fazer o quê hoje? — perguntou.— Pensei em te levar a um lugar diferente. Reservado, intimista. Vai ter show ao vivo. Nada de bagunça, eu prometo.— Ah, não sei se tô no clima pra música hoje...— Justamente por isso. Vem, vai te fazer bem. Já passo aí em meia hora.Rafael hesitou por alguns segundos, depois concordou.— Tudo bem, passo um café enquanto te espero.Enquanto isso, Isadora já havia terminado de se arrumar. O vestido verde realçava seus olhos e a maquiagem discreta trazia leveza ao seu rosto. Laura fez questão de acompanhá-la até a porta.— Vai e brilha. Mas qualquer coisa, me liga, tá? — disse, beijando-lhe a testa.— Obrigada por tudo, Laurinha. De verdade.Laura emprestou o carro para ela ir. Ao entrar, Isadora conferiu o endereço enviado por Thiago e se