— Bom, preciso voltar ao palco. Ainda tem mais algumas canções. Mas... será que você pode me esperar? — perguntou, com um brilho esperançoso nos olhos.Isadora hesitou por um instante. Parte dela queria ir embora, fugir da confusão que aquela noite estava provocando dentro de si. Mas outra parte... queria ficar. Queria entender aquele sentimento.— Claro. Eu te espero. — disse, surpreendendo até a si mesma.Thiago tocou levemente o ombro dela em agradecimento e voltou ao palco. Quando pegou novamente o microfone, o público o recebeu com entusiasmo. Ele sorriu, acenou e voltou a cantar. Seu carisma natural preenchia o ambiente. Isadora o observava atentamente, admirando não apenas sua presença no palco, mas a leveza com que ele conduzia a apresentação.Mesmo assim, aquela sensação persistente de estar sendo observada voltou a se intensificar. Seguiu o impulso e olhou novamente ao redor. Mais não viu nada. Isadora engoliu em seco, voltando sua atenção para o palco. Tentou ignorar a inqu

— Pode ser, sim. Mas vamos investigar com calma. Vamos fazer exames de sangue completos. Os resultados saem em cerca de trinta minutos. Pode esperar?— Posso sim — respondeu, respirando fundo.Após a coleta de sangue, Isadora ficou na recepção, com os olhos vagando pela janela envidraçada da clínica. Sentia o coração acelerado sem motivo aparente. Havia algo no fundo de sua intuição, uma expectativa não nomeada.Enquanto esperava, olhou o celular. Nenhuma mensagem de Rafael. Nenhuma de Thiago. Nada além do silêncio. E o silêncio, naquele momento, parecia mais alto do que qualquer barulho.Ela fechou os olhos, tentando encontrar paz. Mal sabia ela que aquele exame mudaria o rumo de tudo.Cerca de meia hora depois, a enfermeira a chamou de volta à sala da médica. Dra. Andréia estava com um semblante mais sério, embora mantivesse a postura acolhedora.— Isadora, os exames chegaram, e antes de conversarmos, gostaria que fizéssemos uma ultrassonografia. Só para termos certeza de algumas co

O silêncio da sala de Isadora era quebrado apenas pelo som suave do relógio sobre a estante. Ela estava sentada diante de sua mesa, mas sua atenção não estava nos relatórios abertos no monitor. Seu olhar repousava sobre o ventre ainda discreto, e a mão repousava ali, como se quisesse protegê-lo do mundo.— Vai chegar a hora certa... — sussurrou para si mesma. — Só preciso de coragem.Ela sabia que precisava contar para Rafael. Não era justo esconder algo tão importante. Mas o medo a paralisava. O medo da rejeição, da indiferença. "E se ele disser que não quer? E se ele mandar eu tirar...?"A ideia doía como uma lâmina fria em seu coração.Acariciou o ventre novamente e sorriu, um sorriso misturado de dor e esperança.— Você é meu milagre... o filho que sempre sonhei. Mesmo quando Rodrigo dizia que não queria, mesmo quando os exames diziam que seria difícil... você veio. E eu nunca, nunca vou desistir de você. — falou em voz baixa, como se contasse um segredo ao bebê.Aquela semana mar

Laura a abraçou apertado.— Tá tudo bem agora. Você tá segura. Mas não some assim de novo, tá? Eu fiquei desesperada.Isadora suspirou, sentindo-se finalmente amparada.— Eu prometo. E... obrigada por nunca me deixar só.— Sempre, Isa. Sempre.E, pela primeira vez em dias, ela sentiu que talvez não estivesse tão sozinha no mundo.O apartamento de Laura estava silencioso, com exceção do leve tilintar da colher contra a caneca enquanto ela preparava um chá para Isadora. A amiga, sentada no sofá com um cobertor sobre os ombros, ainda estava visivelmente abalada. Os olhos inchados e a expressão vazia denunciavam o cansaço de uma alma em conflito.Laura sentou-se ao lado dela, estendendo a caneca quente.— Aqui. Vai te ajudar a relaxar. Agora me conta tudo...Isadora aceitou com um aceno grato, soprando o vapor antes de dar o primeiro gole.— Eu fui até a sala dele quando o expediente estava acabando pra contar sobre a gravidez... tinha decidido que ele tinha o direito de saber. Estava pro

Na hora do almoço, Isadora deixou a empresa com a desculpa de resolver um assunto pessoal. Mas, em vez de seguir para algum restaurante, ela se dirigiu com passos apressados até a clínica da doutora Andreia. O coração apertado, os pensamentos embaralhados. O que haveria de tão urgente no exame? Ainda sentia o eco da voz da médica ao telefone, mas tentava manter-se positiva.Ao entrar na recepção, foi logo conduzida para a sala da médica, que a recebeu com um sorriso acolhedor e olhos atenciosos.— Isadora, que bom que veio. Sente-se. Eu revisei seus exames com muito cuidado.— Doutora... o que foi que encontrou? É algo grave?Doutora Andreia sorriu com suavidade, pegando o envelope sobre a mesa.— Não é nada ruim, muito pelo contrário. Seus exames estão dentro da normalidade... mas houve uma pequena surpresa. Isadora, você está esperando Trigêmeos.Isadora congelou por um instante. Os olhos se arregalaram, a boca se entreabriu.— Trigêmeos...? — murmurou, levando uma das mãos a boca e