Zurique.Penthouse.Sala de Guerra.10h17 da manhã.Valentina gira o tablet na mão.Roda a tela, olha as fotos, os nomes, as localizações.O mapa dos infernos.O mapa dos homens que juraram acabar com ela.Ela fecha o tablet.Cruza os braços.Inclina o queixo.O olhar?O olhar de quem não tá pedindo permissão.Tá avisando.— Dante… você sabe que eu sei atirar, né? — a voz sai seca, firme, afiada. — Não sou só salto, rímel e gemido bonito.Eu aprendi a mirar… muito antes de aprender a fingir orgasmo pago.Ele trava.A mão no bolso aperta tanto que o couro do terno ameaça rasgar.Maxilar trincando.O peito sobe e desce, pesado.Como se respirasse fogo.Ou medo.Ou os dois.— Valentina… — voz baixa. — *Isso não é brincadeira.Não é Moscou.Não é Tóquio.*Isso aqui… é gente que desaparece corpos.Gente que queima vidas.Gente que mata… sem piscar.Ela dá um passo.Cruza os braços.O corpo inteiro em tensão.— E quem você acha que eu sou, Dante? — arqueia a sobrancelha. — *Uma princesa que

Paris.15h44.Heliporto privado.O vento cortava.O barulho das hélices fazia o chão vibrar.O cheiro? Uma mistura absurda de querosene, couro caro e perfume francês molhado em perigo.A porta do helicóptero abre.Valentina pisa primeiro.Salto agulha cravando no concreto como se fincasse um aviso no mapa:“A mulher errada chegou.”Vestido preto, justo.Costas nuas.Fenda lateral que não sugeria pecado — ela declarava.Blazer jogado nos ombros.Óculos escuros.Cabelo solto, ondulado, batendo na cintura com aquele tom de vinho queimado que parece incêndio prestes a começar.Ela não anda. Ela desfila.Não pra ser vista.Pra ser temida.⸻Dante vem logo atrás.Camisa social preta.Blazer acinturado.Calça de alfaiataria impecável.Relógio Patek Philippe no pulso — o tipo de relógio que não diz horas, diz “seu salário inteiro não compra meu tempo”.E aquele olhar…Aquele olhar que não negocia.Não pede.Não pergunta.Ele só avisa: “Ou você sai do caminho… ou eu passo por cima.”Ao redor,

⸻Paris.17h32.Cobertura do Hôtel Royale.O ar pesa.A tensão dança no espaço como se fosse parte da decoração.Dante tá de pé.Mãos nos bolsos.Olhar de quem já matou mentalmente quem precisava.E quem ainda vai decidir se mata de verdade… ou se faz pior: destrói a vida inteira.Valentina?Sentada no braço da poltrona.Perna cruzada.Cabelo vinho jogado pra trás.E aquele olhar… que mistura fúria, tesão e um prazer sádico de saber que agora… eles mandam no jogo.⸻— Então é isso? — ela solta, voz baixa, lenta, como uma lâmina sendo afiada. — O Armand achou que ia colocar meu nome num contrato… e que ia dormir tranquilo?Dante não responde.Só ri.Aquele riso dele.Baixo.Perigoso.Que não é piada.É aviso.⸻— Ele não entendeu uma coisa, ruiva. — Dante fala, andando até ela. — Mexer com você… é mexer com quem segura sua cintura à noite. E, amor… eu não sou homem de perdoar.Ela sorri.Cruza mais forte as pernas.Inclina o queixo.— E se ele acha que eu sou só mais uma… — levanta, se

O silêncio no salão é assassino.As taças tremem.Os seguranças se olham — prontos, mas com aquele olhar de quem sabe:Se mexer… morre primeiro.Dante inclina o corpo.Cruza os dedos sobre a mesa.O olhar? Cortante. Mortal. De quem não ameaça. De quem avisa.— Última chance, Armand.Entrega quem mandou me cercar.Entrega quem ousou botar o nome dela… — ele segura o queixo de Valentina, sem desviar os olhos — na boca.⸻Armand sorri.Aquele sorriso de quem sabe que o chão tá desabando.Mas ainda tenta bancar o elegante no próprio velório.— Dante… — ele acende outro charuto, trêmulo — Isso não é pessoal.Só negócios.Valentina ri.Riso curto. Cortante.Riso de quem já matou antes — nem que tenha sido só no olhar.— Amor… explica pra ele… — ela desliza o dedo pela coxa de Dante — que quando botaram meu nome na mesa… deixaram de ser negócios.Virou sentença.⸻Dante bate a mão na mesa.Seco.Forte.O som ecoa no peito de quem ainda respira ali.— Você quer negociar? Beleza. — ele se incl

⸻Porta da limousine abre.O salto dela toca o asfalto como uma sentença.Paris segura a respiração.Porque não é todo dia que o pecado desce de um carro de luxo…de mãos dadas com o próprio inferno disfarçado de homem.Dante sai logo atrás.Camisa preta.Blazer acinturado.O relógio caro reflete a luz do pôr do sol — ou seria a luz da destruição prestes a começar?Ele não sorri.Ele não cumprimenta.Ele domina o ambiente.Sem pedir. Sem falar. Sem licença.⸻Victor desce do outro carro.Óculos escuros, leque dourado e um blazer de paetê que parece ter saído direto de uma rave no céu… ou no inferno.— Alerta de perigo, amoras! Se me virem correndo, corram também. Porque elegância a gente não perde… mas a vida, às vezes, sim. — ele gira o leque, lança um beijo pro vento e ajusta o salto.⸻A equipe se posiciona.Nicolas no topo do prédio. Rifle pronto.Ivan? Já invadiu o sistema de segurança do prédio — e da vida de quem ousar atravessar o caminho deles.Sophie sorri, mastigando chicle