O fim do expediente chegou como um sussurro cansado. Depois de um dia repleto de reuniões, ajustes estratégicos, e-mails infinitos e um relatório de 67 páginas que precisei revisar pessoalmente, tudo o que eu queria era um banho quente, silêncio absoluto e talvez um pouco de jazz instrumental para suavizar as bordas ásperas do dia.Estava no carro, com o salto já abandonado no chão do banco de trás e os pés descalços, observando a cidade pela janela. As luzes noturnas pareciam mais agressivas do que belas, e meu corpo doía da postura rígida que mantive o dia inteiro.Foi então que o celular vibrou no painel. A tela iluminou o nome dele.Dante Morelli.Olhei para o número por alguns segundos. Pensei em não atender. Mas, como tudo que envolvia Dante, havia uma parte de mim teimosa, curiosa ou apenas cansada de resistir que sempre cedia um pouco mais do que gostaria.— Boa noite — atendi, mantendo o tom neutro.— Boa noite, Beatrice — ele disse com aquela voz baixa, quase arrastada, com
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