O dia amanheceu com cheiro de pólvora e café. O morro respirava devagar, como se tentasse esquecer a noite passada. A fachada da ONG Raízes do Morro trazia os rastros de passos apressados, vozes sussurradas, tensão ainda pendurada no ar. Nenhuma bala perdida, mas um quase-beijo que ainda queimava em silêncio.
Isis estava no pátio antes mesmo do sol nascer. A voz era firme, os passos decididos. Ordenava a limpeza da quadra, checava os horários das oficinas, distribuía tarefas como quem ergue um castelo com as próprias mãos. Mas por dentro... era fumaça.
— Isis, bom dia.
A voz dele. Maldito. Calmo demais pro gosto dela.
Ela virou apenas o rosto, sem encarar. Theo se aproximava com um saco de pães frescos numa mão e um sorriso malandro no canto da boca. O cabelo ainda bagunçado, a camiseta justa mostrando o corpo treinado. As crianças o seguiam como sombra. Os mais velhos já o chamavam de “professor” com carinho. Até os homens da guarda falavam com ele como se fosse cria.
— Trouxe p