Narrado por Zalea Baranov A luz crua do porão foi apagada e tudo o que restou foi a respiração pesada que escapava de mim, como um segredo maldito tentando fugir da carne. Zaiden se afastou em silêncio, como se o horror tivesse se tornado uma dança rotineira entre nós — ele ferindo, eu suportando, nós dois sobrevivendo às versões distorcidas um do outro.Minhas mãos tremiam, não mais por dor, mas por cansaço. O tipo de cansaço que corrói a alma, que não se cura com repouso, nem com esperança.Ele deixou a porta entreaberta, como se o cheiro do sangue que escorria pelas minhas costelas fosse um lembrete do poder que ele ainda acreditava ter sobre mim.Mas Zaiden não entende.Não entende que cada cicatriz que me marca é também uma palavra gravada numa carta invisível que eu escrevo para você, Leonid.Sim, eu escrevo para você com o silêncio que me resta, com os olhos que já não choram, com a boca que aprendeu a sangrar sem pedir por socorro.Carta um.Meu Don,a noite passada teve gost
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