A reunião seguiu. Depois da intervenção de Henrique — ou melhor, da Elize via Henrique — o clima na sala mudou. Não muito, nada dramático. Mas Augusto… Augusto virou levemente o rosto. Os olhos dele, semicerrados, analisaram a pasta por um segundo a mais. E foi só. Nem um “boa observação”, nem um aceno. Ele apenas fez uma pequena anotação num bloco preto, daqueles sem marca. A caneta deslizou. Um risco seco. Pronto. Seguiu como se fosse só mais uma terça-feira comum, cheia de processos e cláusulas mofadas. Mas Elize sentiu. Aquilo foi alguma coisa. Talvez, na língua dos chefes da velha guarda, aquilo fosse um troféu. Ou uma ficha mental que ele guardava num fichário invisível chamado “gente que presta atenção”. Quando a reunião terminou, ele fechou a pasta com calma, se levantou, ajeitou o paletó e disse: — Glória, encaminhe os ajustes. — Sim, senhor. — Henrique, bom ponto. Continue atento. E então… olhou pra Elize. Só olhou. Por dois segundos. Três, talvez.
Ler mais