Capítulo 11 – Convites e ConfrontosEm meio ao mármore branco que cobria todo o palácio imperial de Velmora, no local mais refinado — onde a imperatriz mais gostava de passar seu tempo — Etoile se encontrava sentada à mesa luxuosa, saboreando seu chá da tarde. No Salão das Rosas Brancas, ninguém ousava interrompê-la, especialmente quando aquele momento era compartilhado com o príncipe herdeiro e seu único filho, Adônis Enraven.O ambiente era tão elegante quanto os dois presentes. Ambos altos, mas Adônis a superava. Etoile era uma mulher conservada e vaidosa, sempre impecavelmente vestida. Seu cabelo ruivo, preso com precisão, e seus olhos castanhos afiados transmitiam autoridade. Já Adônis possuía a aparência impecável digna de um príncipe: corpo definido — embora menos atlético que Alastair —, cabelos castanhos ondulados penteados para trás, olhos azuis marcantes e traços faciais que pareciam esculpidos.Nenhuma palavra era dita. Etoile se ocupava com a revisão de documentos imperia

Capítulo 13 – A Noiva VermelhaRudbeckia estava sentada na beira da cama, paralisada. O penteado, antes adornado com pedras de quartzo, desmanchava-se em mechas desalinhadas sobre os ombros. A maquiagem borrada escorria pelas maçãs do rosto como vestígios de um furacão. E o que restava do vestido de noiva… jazia em seus joelhos como um monte de trapos. Fios rasgados, tecido dilacerado, a seda esgarçada em protesto.Na mão direita, ainda trêmula, repousava a tesoura com a qual terminara de destruir o vestido — mais um gesto de fúria do que de lamento. O casamento aconteceria em poucas horas. E agora ela não tinha mais nada.Foi nesse instante que a porta se abriu com um estalo seco.Elizabeth entrou com duas servas a reboque — e todas congelaram à visão. Era como se tivessem entrado em cena de um crime. A noiva dos Liriafrith, suja de sombra e raiva, sentada com a tesoura ainda em punho e o vestido despedaçado como cadáver nos joelhos.— Pelos deuses… — murmurou Elizabeth, empalidecend

Capítulo 15 – O Banquete dos MonstrosApós a mais escandalosa cerimônia de casamento que o Império Enraven testemunhara, os convidados foram induzidos a deixar a capela. Elizabeth, sempre eficiente, havia preparado o pátio da fortaleza para o banquete. A movimentação era organizada, mas abafada por murmúrios tensos — ninguém conseguia digerir o que acabara de presenciar.Rudbeckia caminhava ao lado de Alastair, os recém-casados seguiam o fluxo, como esperado. Mas dentro dela, o sangue fervia. O beijo, os votos de sangue, os olhares… tudo havia sido um espetáculo encenado sem o menor aviso. E ela era a atriz jogada ao palco sem roteiro.Quando Beau e Elizabeth passaram à frente, distraídos com os últimos detalhes, Rudbeckia agiu.Num movimento seco e silencioso, agarrou o colarinho de Alastair e o puxou para o lado, fazendo-o acompanhar seus passos sem resistência. Abriu a porta de uma sala aleatória — por sorte destrancada — e o empurrou para dentro. Era um quarto comum, vazio, mas na

Capítulo 17 – Onde as Máscaras Não SorriemMesmo que soubesse que Beau apenas inventara a desculpa para livrá-la de Adônis, Rudbeckia seguia em direção ao centro do banquete. Procurava por Alastair — e, mais do que isso, por alguma âncora no meio daquele mar de fingimentos e perigos.As tochas ainda queimavam em meio ao frio cortante. As músicas suaves e o tilintar de taças serviam de pano de fundo para a movimentação coreografada dos nobres. Sorrisos dissimulados. Egos vestindo casacas bordadas. Era um teatro tão sufocante que até o céu parecia mais pesado.Foi no meio daquele retorno silencioso que sentiu um leve toque no ombro. Um esbarrão educado demais para ser casual.— Perdoe-me! — disse uma mulher com a voz leve e o sorriso pronto.Rudbeckia virou-se com o corpo ainda tenso da conversa anterior e deparou-se com uma jovem elegante, de postura refinada, cabelos castanhos longos e soltos em ondas suaves. O vestido era escarlate, alinhado com perfeição, e as joias rubi pareciam br

Capítulo 19 — A Primeira NoiteO frio do corredor contrastava com o calor do constrangimento ainda queimando nas bochechas de Rudbeckia. Alastair avançava com passos decididos, carregando-a como se fosse apenas mais uma conquista. Ela, encolhida em seus braços, mantinha os olhos fixos em qualquer lugar que não fosse o rosto dele — ou os olhares surpresos que ainda os seguiam desde o salão.Beau ficou para trás, em silêncio, com o semblante contido de sempre, embora seu olhar a seguisse como um cão de guarda atento. Elizabeth também não foi vista. Nenhuma criada preparara o quarto. Nenhuma formalidade. Era como se Alastair tivesse feito questão de atravessar cada limite da decência com gosto.A porta do aposento se fechou com um estalo seco.A madeira entalhada abafou os sons do corredor, mergulhando-os num silêncio cortado apenas pelo crepitar suave da lareira já acesa. As luzes eram baixas, douradas, e o quarto tinha cheiro de madeira aquecida e perfume caro.Alastair a colocou no ch