Capítulo 16 – O Lobo Aprende a Rastejar
Melissa surgiu como sempre, sem um ruído fora de lugar, com aquele sorriso estudado que jamais chegava aos olhos. Vestia-se impecável, avental limpo, trança bem feita, e carregava um pequeno arranjo de flores frescas que, segundo ela, “trariam vida ao quarto”.
Não pediu para entrar — simplesmente entrou. Colocou as flores sobre a mesa lateral, ajeitou-as como se fosse a anfitriã e não a criada, e já passou a sugerir que eu trocasse minhas criadas por outras “mais competentes e discretas”. A cada frase, vinha outra oferta: ajuda para organizar minhas roupas, para cuidar das minhas joias, para “garantir” que eu tivesse sempre o melhor.
A voz dela era tão suave que quase soava como música de fundo. E exatamente por isso, irritava.
Tão doce que dava náuseas.
Gente assim nunca está servindo. Está colhendo.
Agradeci com um aceno curto, nada mais. Mantive o tom educado, mas sem dar um passo sequer em direção à falsa intimidade que ela parecia busc