Capítulo 20 – Véus Rasgados
A luz filtrava-se pela janela estreita como um fio pálido, mal tocando o chão de pedra. As brasas na lareira ainda não haviam sido reavivadas, e o ar frio do quarto fazia a pele arder. Eu permanecia de pé, envolta apenas por um linho leve, enquanto Melissa retirava o vestido do suporte com aquele cuidado excessivo que sempre me pareceu mais encenação que zelo.
Ela soltou um suspiro exagerado antes mesmo de abri-lo por completo.
— Ah… meu Deus… — murmurou, a mão apertando o tecido como se tivesse visto um cadáver.
O vestido, que deveria estar intacto, exibia na parte de trás um corte limpo, cirúrgico. Não era um acidente. A renda havia sido destruída com precisão, como se alguém tivesse escolhido cada ponto para garantir que fosse irrecuperável.
Pousei a mão sobre o rasgo, sentindo a aspereza das fibras rompidas. O silêncio do quarto pesava como chumbo.
— Quem foi? — perguntei, sem elevar a voz.
Melissa desviou o olhar para o chão.
— Eu… eu não sei. J