Capítulo 15 – A Infame Duquesa de Varmond
O silêncio era confortável.
Nenhuma criada invadiu meu espaço. Nenhum sussurro forçado de “milady” me acompanhou. As ordens tinham sido simples: deixem-me sozinha. E, pela primeira vez desde que pisei nesse lugar amaldiçoado, obedeceram.
As correntes invisíveis ainda pesavam no ambiente. Mas aquela manhã era minha.
E eu faria dela um ritual.
Escolhi o vestido mais pesado que encontrei no armário. Tecido grosso, mangas longas, gola alta — negro como as noites que enfrentei sozinha. Não havia brilho. Nem adorno. Apenas a imponência silenciosa de alguém que decidiu parar de sangrar e começar a ferir.
Vestir aquilo não era conforto. Era armadura.
Puxei o espartilho com as próprias mãos. Amarrei firme. O ar escapou por entre os dentes. Meus músculos protestaram — ótimo. A dor era um lembrete de que eu ainda controlava meu próprio corpo.
Ajeitei o tecido nos ombros, alinhando cada botão com precisão.
Caminhei até o espelho.
Me encarei.
Os