Capítulo 14 – O Silêncio do Duque
Os corredores dos fundos tinham cheiro de fumaça e mofo. Paredes sujas de carvão, chão frio de pedra, luz filtrada por lamparinas cansadas. Ali era onde os servos circulavam com mais liberdade. Onde acreditavam que os olhos dos senhores não os viam.
Mas eu via.
Ruben vinha atrás. Como sempre. Silencioso, rígido, a passos de distância — o cão de guarda discreto. Eu já não o notava tanto quanto antes. Havia deixado de ser novidade. Ou ameaça.
A curva seguinte levou ao depósito de lenha. E foi lá que ele surgiu.
Um garoto — não devia ter mais que vinte. Magro, de mãos grandes e sujas, camisa puída e os cabelos grudados na testa.
Me olhou. E não foi um olhar de espanto, nem de respeito.
Me mediu. Como se pudesse. Como se tivesse esse direito.
Continuei andando.
Mas no exato momento em que passei por ele, a voz baixa veio junto com o hálito quente e amargo:
— Bonita demais pra uma maldita.
Os dedos dele roçaram a manga do meu vestido. Só isso. Um