James sempre começava o dia do mesmo jeito: café preto, sem açúcar, e as manchetes dos jornais lidas em silêncio absoluto, antes que qualquer ruído do mundo pudesse alcançá-lo. Depois de uma semana de reuniões, agendas atropeladas e conversas políticas que exigiam mais paciência do que estratégia, ele finalmente tirou uma manhã para trabalhar fora do escritório — algo que fazia, no máximo, duas vezes por ano. Escolheu uma cafeteria discreta no Upper West Side. Anônima o suficiente para deixá-lo em paz, elegante o bastante para não ser vulgar. Abriu o notebook, digitou algumas respostas curtas e resolveu fazer algo raro: parar por alguns minutos. Foi quando viu a mulher entrar. Ela parecia ligeiramente perdida, como quem não sabia se estava no lugar certo. Usava um sobretudo azul-marinho, os cabelos loiros escuros presos de maneira prática, mas alguns fios escapavam, soltos, quase intencionais. Os olhos dela, atentos, varriam o ambiente com uma delicadeza concentrada. Não havia n
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