O sol já havia nascido fazia horas, mas o quarto de Roberto permanecia escuro, as cortinas fechadas, o ar pesado. No chão, o abajur derrubado, livros espalhados, uma garrafa vazia de uísque descansava ao lado do sofá. No silêncio da manhã, só se ouvia o tique-taque insistente do relógio da sala e a respiração pesada de um homem desfeito.Roberto não havia dormido. Passou a noite inteira revivendo cada palavra, cada olhar, cada sensação da noite anterior. Sentia-se como se tivesse caído de um prédio em queda livre, o coração espatifado no chão. A cena de Alicia confessando o que vivera com seu pai não saía de sua cabeça. O nó na garganta era constante, e a culpa, ainda que não soubesse se era sua, o corroía.O telefone em sua mão tremia. Seus dedos pairavam sobre o nome "Alicia" na tela. Respirou fundo, várias vezes. Enxugou o rosto com as costas da mão. O orgulho gritou para não ligar. Mas o remorso foi mais alto.Discou.Do outro lado, Alicia estava sentada na beirada da cama do hote
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